sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

UMA MULHER

Flavia D'Angelo

Sem Esperança
 Frida Kahlo
E ela acordava mais um dia com vontade de seguir naquele mundinho do edredom que a fazia segura. O sol não a deixava esconder seus pensamentos como o escuro da noite de poucas horas. 
Precisava acordar de todas as maneiras e descobrir sua covardia para o mundo que a cobrava de vida. Não era a primeira vez que tomava conta dela esse sentimento, mas sabia-se forte o bastante para encarar. 
Não sabia como e nem de onde, mas sempre tirava forças pra mais uma...será que estava se acostumando com essas porradas da vida? Não queria, mas chegava a conclusão que esse jogo a cansava, e essa coragem estava sendo consumida pelas derrotas tão costumeiras. 
Estava mais forte, fato, mas quando teria o direito de ser fraca? Queria isso, ser fraca...não precisar travar uma batalha a cada suspiro. Queria descanso, queria paz. Mas sabia que essa realidade não lhe pertencia, não nessa vida, ou em qualquer outra... 
Até que lhe trazia algum orgulho sair daquele poço tão conhecido que insistia em puxá-la. Não ficaria lá! E lavando o rosto marcado de decepções, deixou sumir no ralo vestígios de entrega, e na briga com o reflexo tocado no espelho, mais uma vez, mais um dia, mais do sempre, assumiria a mulher viva que aprendeu a jogar, a não desistir de mostrar pra ela mesma que a felicidade está ali, ao lado, pertinho. 
E vestida de esperança, abre a porta e caminha...hoje vai encontrá-la, com certeza!!!

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